sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Dois ouvidos e dois celulares



A batalha das operadoras de celular invadiu o jantar lá em casa outro dia. Foi meu irmão que começou a briga. Antes a família toda era da mesma operadora, mas ele quis mudar, tinha uma com mais torpedos grátis. Minha irmã também anunciou que trocaria, mas para outra, a mesma do namorado. Já meus pais não trocariam, são conservadores até nisso.

Resumo da ópera: acabei precisando de outro celular para o novo chip. Nem da empresa do meu irmão, nem da minha irmã. Queria um da mesma empresa daquela gata do serviço.

Fui ao shopping. Comprar um chip novo foi mais fácil do que encontrar o banheiro masculino. Depois fui procurar o celular. Eu queria um daqueles para dois chips, mais prático. Mas sabe aquele oferta “compre 1 leve 2?”. Esquece! Nesse caso, comprar 2 é mais em conta.

- “Alô? Oi Marcelinha, sou eu, é que tô com número novo, anota aí...”

- “Ai que bom, é da mesma operadora que o meu, né?”

- “É... agora podemos ficar horas conversando!”

E os minutos viravam sem preocupar o meu bolso. Por um módica quantia, eu teria horas de bônus todo dia para xavecar aquela gata.

Mas de repente comecei a ouvir a musiquinha do outro celular. Fui buscar, sem parar de falar com a Marcelinha. Era a Julia, minha outra paquera. Pela força do hábito, acabei atendendo.

- “Oi gata, tudo bom...”

Julia no ouvido esquerdo - “Oi bonitão, por onde andou que não me ligou mais?”
Marcelinha no ouvido direito - “Ta doido? Você já tava falando comigo...”

- “É.. to brincando!”

Marcelinha no ouvido direito – “Ah bom, pensei que tava falando com outra pessoa”
Julia no ouvido esquerdo – “Brincando de gato e rato?”

- “Não... é minha mãe...”

Julia no ouvido esquerdo – “O que houve, ela ta bem?”
Marcelinha no ouvido direito – “Você chama sua mãe de gata?”

- “Sim... quer dizer, não!”

– “Sim ou não??”

Aquela conversa estava me deixando maluco, inventei uma desculpa e desliguei. Ufa! Preciso tomar mais cuidado da próxima vez. Ser capaz de escutar pelos dois ouvidos ao mesmo tempo ainda vá lá, mas na hora de falar a coisa complica!

Se um celular consegue acabar com uma relação, dois celulares podem acabar estragando até duas relações!

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