quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O mico do cadeado

Imagine a seguinte situação: você precisa de um cadeado para não deixar sua bagagem “facinho” no hostal em que está hospedada. Não quer gastar muito dinheiro, e por isso compra um cadeado baratinho em uma loja de chineses. Então, na hora em que você vai destrancar sua mala, a chave não entra e você percebe que a porcaria do cadeado está quebrado! Que mico!

Calma, ainda vai ficar pior! Você se arrepende amargamente de comprar porcarias baratinhas e vai pedir ajuda ao funcionário da recepção. Imagine que ele não tenha nenhum tipo de serrinha ou outra ferramenta que possa te ajudar a arrebentar o cadeado. Ao invés disso, ele tenta te explicar onde está localizado o chaveiro mais próximo.

Imagine que você saia desesperada, com a mala, à procura do chaveiro, por que está quase na hora das lojas fecharem. Por isso, entra na primeira que você vê, com facas, tesouras e outros objetos cortantes pendurados. Coloca a mala sobre o balcão, olha sem jeito para o dono e explica o que te aconteceu. Agora imagine que, na pressa, você tenha entrado na loja errada, ali não é um chaveiro e o homem não pode te ajudar! Duplo mico!

Então imagine que você volte a correr até encontrar o verdadeiro chaveiro. Mais uma vez explica a sua situação e consegue finalmente alguém que arrebente o cadeado para você. Muito agradecida, você compra outro cadeado mais decente na loja. Porém, imagine que você faça as somas erradas das moedas que tem e pague menos do que deve. Ou seja, não pagou pela ajuda e ainda tentou sair sem pagar pela compra que fez. Triplo mico!

Acredite ou não, uma situação parecida com essa aconteceu com a irmã da filha da minha mãe e a irmã dela junto.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Caso de polícia

Em Lisboa há vários bondinhos pequenos que correm por trilhos para diversos lugares, como o nº 28, que não vai para o Castelo de São Jorge, mas passa por lá!

Além desses, que são pequenos, há uns maiores, como o nº 15, que vai para a região de Belém. Ele é como se fosse apenas um vagão de metrô, só que externo. O que aconteceu quando estavamos dentro de um deles foi um caso de polícia. Narro aqui a sequencias dos acontecimentos sob meu ponto de vista.

Uma família de turistas alemães entrou no trem e foi comprar o tiquete na máquina de auto-venda. Vi então um homem com uma nota de 5 euros na mão perguntando se era de alguém. Ele se sentou na minha frente. Nisso o alemão começou a gritar em inglês:

- Roubaram todo meu dinheiro e meu passaporte!

A família estava desdeperada. Correram para a frente do trem e foram falar com o motorista. O homem com a nota de 5 guardou o dinheiro na carteira. Vi que havia um senhor com casaco grande na frente de uma porta e outro com paletó puído e cachocol branco na outra porta. Eles se olhavam e pareciam nervosos. O do cachocol tentou forçar a porta para abrir e ele sair, mas o motorista já tinha trancado todos os sistemas de saída. E assim eles ficariam por mais de meia hora!

O senhor do cachecol foi para a parte de trás do trem. Os alemães continuavam com olhares desesperados. Então o senhor com casaco grande puxou do bolso um bolo de notas e devolveu ao alemão, dizendo que havia encontrado no chão (perto da máquina de tiquetes). O outro foi para a parte da frente do trem. Depois os policiais acharam a carteira do alemão na parte de trás.

A operação deu resultado positivo, foi tudo recuperado e os três suspeitos levados. Ou pelo menos eu vi o senhor que devolveu o dinheiro e o da nota de 5, mas o do cachecol não sei o que aconteceu com ele. Depois perguntei à família se já estava tudo bem e parecia que tinham recuperado quase tudo.

Foi sorte a deles de terem percebido tão rápido o furto (se é que realmente foi um) e estarem num veículo onde fosse possível contactar o motorista rápido e pedir para trancar as portas e chamar a polícia.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Razão Crítica do Hamburguer

Eu vim para essa viagem com a intenção de experimentar de tudo. Comi as comidas mais raras, às vezes esquisitas, provei o que não provaria em outras circunstâncias. Por isso, estava determinada a não comer nada conhecido ou em lugares comuns. No entanto, surgiu a ideia de, pelo contrário, provar algo conhecido, mas que, de alguma forma, poderia revelar-se diferente.

Por essa razão resolvi analisar de forma crítica um hamburguer do Mc Donalds. Isto pode parecer uma desculpa para comer nessa lanchonete aparentemente padronizada de fast food norte-americano imperialista e desaculturador. Mas não é. A Razão Crítica do Hamburguer, exposta a seguir, engloba, de forma única, toda uma análise de cores, sabores e preços.

Vamos aos fatos! Pedi um Mc Double sem picles! Exatamente como faço aqui. Só um detalhe: não pude pedir para tirarem os picles, porque isso não era possível. Tive que pedir para fazerem o lanche sem os picles, porque depois de pronto eles não podiam meter a mão no meu lanche! Também pedi o tal "combinado", que equivale a "pedir pelo número", com coca-cola e batata frita médias.

Bom, na realidade não há muito o que se dizer. O preço foi cinco euros, o que equivale a uns treze reais. O sabor pode-se dizer que estava igual, o mesmo hamburguer, o mesmo queijo, o mesmo pão. As cores da lanchonete variavam um pouco, o vermelho foi combinado com o marrom da imitação de madeira, mas mesmo aqui no Brasil essa mudança já é visível.

Bom, talvez a razão tenha sido mesmo a fome...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Bandeiras

No Brasil não se dá muita importância para as bandeiras estaduais.
Quer dizer, claro que elas estão sempre asteadas em lugares públicos,
e talvez se aprenda na escola que existem bandeiras diferentes em cada Estado.

Mas nada comparado ao que se vê na Espanha! O nacionalismo regional aqui é bem mais forte, inclusive o que para nós seriam os Estados, para eles são chamados de Comunidades Autônomas. Assim sendo, cada uma tem sua bandeira e dá muita importância a ela.

Outro tipo de bandeira que está sempre presente são as dos times de futebol. No estádio do Real Madrid, por exemplo, além da bandeira do time da casa, também estavam penduradas as de outros times rivais.

Agora vamos ao que me passou esses dias, quando estava em Toledo, antiga capital espanhola, hoje capital da província de Castilha e La Mancha, próxima de Madrid.

Em uma loja de presentinhos, havia souvenirs como cartões postais, imãs, camisetas, bonequinhos, e outros mais emblemáticos como espadas, touros, leques de flamenco e... bandeiras. Entre a do Real Madrid, a do Barçelona Futebol Clube e a da Espanha, estava também a nossa querida verde e amarela do Brasil.

- Es la más bonita! Eu disse para o vendedor.

- Está en promocion, solo 5 euros! Respondeu ele.

Para uma bandeira estrangeira, estar entre as mais valorizadas do país poderia ser considerado uma honra, além disso, como cópia que era, até que não estava cara. No entanto, ficou a dúvida: será que só a do Brasil estava em promoção?

sábado, 30 de janeiro de 2010

Que tipo de viajante você é?

Considere uma viagem para um lugar não muito distante, que você tenha que fazer sozinho, e os seguintes meios de transporte: carro de passeio, ônibus normal de viagem (não leito), trem de média distância (sem vagão-restaurante) e avião médio, aquele com seis poltronas por fila e um corredor. Agora leia as descrições abaixo e tente descobrir que tipo de viajante você é! Deixe um comentário contando o seu resultado.

Viajante de carro:
Esse viajante é do tipo individualista, não aceita muita ajuda e por isso costuma estar mais cansado que o normal no final do dia. Cumpre suas tarefas em um rítimo próprio, não liga muito para prazos, mas pode passar noites em claro se for preciso. Na vida, gosta de poder fazer suas próprias escolhas e não dar satisfações. Se algo lhe interessa, é capaz de parar tudo que esteja fazendo para observar.
Frase típica: É cada um por si!

Viajante de ônibus:
Esse viajante é do tipo coletivista, que gosta de fazer amigos e não costuma ter muita pressa. Porém é perseverante, quando começa uma tarefa, só pára para comer. No entanto, pode ter uma vida meio atribulada, imprevisível. Quando está com sono, dorme fácil, baba e até ronca. Tem especial interesse nos detalhes, gosta de observar com calma, analisar.
Frase típica: De vagar se vai ao longe!

Viajante de trem:
Esse viajante é do tipo apressadinho, gosta de conhecer pessoas e levar um papo, mas poucas se tornam seus amigos de verdade. Gosta de ser pontual quando se trata de cumprir uma tarefa. Por isso, costuma sempre encontrar o caminho mais fácil para resolver um problema. Quando está cansado, dorme até com a luz acesa. É observador, mas pouco detalhista.
Frase típica: Direto e reto!

Viajante de avião:
Esse viajante é do tipo desconfiado, que prefere não dizer nada quando não há nada para se dizer. A paciência é uma virtude que ele desconhece. Quando tem uma tarefa, enrola para começá-la, porém, quando faz, é rápido e não pára nem para comer. Costuma ser uma pessoa sedentária, que gosta de fazer as coisas sem precisar se levantar muito. Não se liga muito no que ocorre à sua volta.
Frase típica: Os últimos serão os primeiros!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Artistas Anônimos Noturnos


















Outro dia estava andando por Sevilla e me perdi. Bom, foi meio proposital, porque eu já estava de saco cheio de dobrar e desdobrar o mapa da cidade e acabei decidindo por seguir meus instintos de direção. Demorei, mas cheguei de volta no hotel.

Voltando à história, eu estava perdida e entrei por uma rua, não sei bem qual. Foi aí que eu vi umas dez pessoas reunidas em volta uma vitrine de uma loja vazia, na qual havia um cartaz de “aluga-se”. Percebi que estavam colando coisas na vitrine, achei curioso e me aproximei. Eram poesias, poemas e fotografias impressas em papeis presos com durex.

Comecei a ler alguns e logo uma mocinha veio falar comigo. Ela me disse que se eu quisesse poderia pegar qualquer um daqueles papéis e eu, com meu instinto jornalístico, perguntei o que era tudo aquilo. Foi assim que conheci Ainda Libe e seu grupo Mira Por Dónde, composto de artistas anônimos que se reúnem para “presentear transeuntes com poesia e imagem de forma furtiva”, como definem eles mesmos no blog.

Atravessei a rua para tirar uma foto do movimento e conheci Felipe, mais um integrante. Com uma breve entrevista descobri que eles começaram com quatro amigos e agora tinham mais de dez pessoas no grupo, que combinavam os encontros pelo blog e fui convidada a participar com qualquer forma de arte que coubesse em um papel.

Pois é, como me poetizou esse rapaz, “se no te pierdes, no te puedes encontrarte”.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Museus para quem?

Há duas boas idades para se visitar um museu: quando se é estudante ou quando já se está aposentado! Por que? Pois ambos tem desconto na hora de pagar pela entrada. Ok! Para não dizerem que cometo uma injustiça, os bebês e os professores também tem descontos. Mas os primeiros quase não aproveitam, e os segundos não costumam ter muito tempo para museus, a não ser quando estão acompanhando um grupo de estudantes!

Hoje, em plena terça-feira, dia útil de trabalho e escola (pois já voltaram as aulas aqui na Espanha), fui passear pela cidade e visitar museus! Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com grandes grupos de "turistas". Somente observando, pude dividí-los em duas categorias: os senhores e senhoras, madrilenhos ou de outras regiões do país, orientais, franceses, americanos e australianos e os meninos e meninas, jovens de Sevilla ou de outras partes mais ou menos perto.

E como é de se supor, todos aproveitando os descontos na entrada dos museus. Aqui em Sevilla, diferente de Barcelona, para esse seleto grupo de visitantes, a entrada ou é bem barata ou é gratuita. Não sei quanto aos jovens escolares ou ao pessoal da terceira idade, mas, para mim, adulta, estudante e sem dinheiro sobrando, nada pode ser mais instigante do que não pagar a entrada de um museu.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mojito Night!

"Todos los jueves barra libre de mojitos!"
Trabalhando no restaurante WAGABOO

Conheci o lugar na quarta feira, quando fui jantar. Conversando com o dono, Jaime, descobri que ele precisava de uma pessoa que fosse boa em Relações Publicas, para ajudá-lo a promover o restaurante dele na noite seguinte, quando seria oferecido Mojitos gratuitos a noite toda! Contei que estudava jornalismo, mas que gostava de socializar com pessoas desconhecidas. Ele ficou interessado e me fez a proposta de trabalho por uma noite!

O pagamento? Dois jantares gratuitos (uns 35 euros cada)!
A tarefa? Conseguir o máximo de e-mails possível dos clientes!
O método? Abordagem suave, conversas simpáticas e risos agradáveis!

Aceitei. E vesti a camisa (literalmente)...

Foi uma experiência curiosa, conversei um pouco com diferentes tipos de pessoa e ainda treinei o espanhol.

Mudei varias vezes de estratégia de discurso, mas basicamente a que mais funcionava era começar perguntando se estava tudo bem, se já conheciam o lugar, se eram ou não de Barcelona, contava que era do Brasil, que estava aprendendo ainda o idioma, depois perguntava se estavam aproveitando o Mojito Nighte e dizia que se queriam receber mais informações, ofertas e promoções poderiam preencher o cartãozinho (só nessa hora mostrava e distribuia os papeis e eles finalmente entendiam meus intentos).

Esse era o momento crítico, no qual deveria perceber se as pessoas queriam ou não preencher o cartão com seus e-mails. Quando se mostravam favoráveis ou indecisos lhes oferecia suavemente a caneta. Enquanto preenchiam me afastava um pouco da mesa, por educação, porque afinal de contas eu estava interrompendo ligeiramente um jantar! Se percebia que não queria preencher, dizia que não era preciso fazê-lo naquele momento e que voltaria depois para recolher.

Depois de uma hora e meia ou duas, tinha comigo 30 cartõezinhos com e-mails! Na saída propus pro meu chefe a troca dos cartõeszinhos pela camiseta! Claro que ele aceitou...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Cadê o motorista?

Três horas da tarde, voltando pra casa para almoçar, estava eu no ônibus de número 50, com o qual percorro cinco pontos ao longo da gran Via Des Cortes Catalanes. Na metade do caminho, mais precisamente no ponto da Universidade, percebo que algo estranho estava acontecendo: o ônibus estava há uns bons minutos já parado, com a porta da frente aberta e sem o motorista!

Cadê o motorista? Pensei.

Será que foi comprar uma revista na banca? Será que foi usar o banheiro? Ou simplesmente deu no pé? Comecei a olhar em volta, levantei e avistei o dito cujo, do lado de fora, de pé, com seu uniforme bordô, em frente à porta e olhando no relógio!

Que coisa mais esquisita...
Saquei minha máquina e tirei uma foto pra comprovar o fato. Vejam!
(Sim, é aquele ali fora, com óculos escuros!)

Depois de mais alguns minutos, surge um outro homem, de cabelos grandes e uniforme bordô, cumprimenta o colega, deve ter pedido desculpas pelo atraso, sobe no ônibus, assume a direção e arranca!

Em Barcelona acontece cada coisa surpreendente, não é mesmo?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Senso de humor catalão

Podem até dizer que catalão é tacanho (pão duro) e pouco sociável...
Mas ninguém pode negar que possuem um senso de humor "bueníssimo"!
Vejam só o que vi no ônibus outro dia:

Ta escrito: Assento reservado para Papai Noel!

E não quer dizer que é reservado para pessoas idosas não!
Por que havia outros assentos identificados para idosos, gestantes, pessoa com criança de colo e portadores de alguma deficiência.
Esse aí era realmente o do Papai Noel!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Batedores de carteira no metrô!

O metrô de Barcelona leva a fama de ser um dos lugares mais fáceis de se ter uma carteira furtada, ou algum outro objeto! Por isso, há uma série de medidas para impedir essa prática. Por exemplo as câmeras de segurança nas plataformas e corredores. Mas há outras formas. Uma delas eu descobri hoje!

Estava na linha verde por volta das 6 e meia da tarde e o metrô estava bem cheio, principalmente de torcedores do Barça que iam para o jogo! Depois de algumas estações soa no alto falante dentro do metrô a voz do piloto:

"Prestem atenção senhores passageiros, há carteiristas (batedores de carteira) no primeiro vagão!"

Eu imediatamente chequei se minha bolsa estava virada pra frente e coberta pelo casaco e dei umas olhadas pro lado. Mas as pessoas não pareciam tão chocadas com aquela informação. Só a mulher sentada na minha frente começou a rir e fazer gracinha com o aviso do motorista para os filhos dela!

Mais uma estação e novamente a voz do piloto soou no alto falante:

"Prestem atenção senhores passageiros, os carteiristas passaram para o segundo vagão!"

Eu chequei a bolsa mais uma vez e olhei para os lados. Algumas pessoas também estavam se olhando. Um homem do meu lado perguntou para o outro:

- "Em que vagão nós estamos?"
- "No terceiro..."
- "Quem bom, ainda não preciso me preocupar!"

É, talvez esse método funcione, porque eles não passaram para o terceiro vagão, ou seja, intimida um pouco os batedores de carteira!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Trânsito no metrô

Nas estações de metrô de Barcelona há sempre alguns marcadores luminosos com relógios em contagem regressiva, geralmente partido de 5 minutos assim que um trem chega na estação. E aqui os metrôs demoram exatamente o tempo que está indicado nesses marcadores. Porém, na quinta feira à noite, eu vivenciei uma situação fora do comum: um atraso nas linhas de metrô!

Bom, normalmente eu vou e volto da escola de espanhol de ônibus, porque é mais fácil e mais rápido. Acontece que na quinta eu precisava comprar mais bilhete de passagens. Aí, como já tinha descido até um caixa do metrô pra comprar, decidi ir por lá mesmo! Eu tava na linha amarela e tinha dois caminhos possiveis: andar uma estação e trocar pra verde ou andar duas e trocar pra vermelha. Ambas me deixavam a cerca de 4 ou 5 quadras de casa. Descidi pela primeira opção.

Subi no metrô da linha amarela e desci na próxima estação. Foi aí que notei algo muito estranho acontecer! Quando o metrô deixava a plataforma e ainda faltavam uns 2 vagões desaparecerem, ele subtamente parou! E depois de alguns segundo retomou a marcha. Pensei que aquilo era estranho, mas não dei importância. Depois disso andei horrores até a linha verde (me arrependendo de não ter ido de ônibus) e peguei outro metrô.

Duas estações depois, quando ainda faltava quatro para eu descer, o metrô parou, abriu a porta, pessoas entraram e sairam, e ele continuou parado, e continuou mais um pouco (e eu me arrependendo mais ainda de não ter ido de ônibus), e as pessoas começaram a olhar nos seus relógios e eu pensei: isso não é normal. Muitos minutos depois uma voz soou dizendo que havia um problema nas linhas e aquele metrô iria ficar parado por mais um bom tempo! Uau, era um trânsito no metrô de Barcelona!

Mas, ao invés de ficar irritada e cada vez mais arrependida de não ter ido de ônibus, resolvi curtir o momento e pensar como eu faria pra extrair o máximo de "jornalismo" daquela situação. Se eu trabalhasse em algum jornal local tentaria descobrir o que houve, entrevistaria as pessoas, avisaria o chefe pra colocar uma nota no jornal sobre o ocorrido caso o motivo fosse bom, esse tipo de coisa! Até pensei na chamada da matéria:

"Problema nas linhas de metrô causa atraso de mais de 10 minutos".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

À luz do por-do-sol

Hoje subi no Montjuic, um morro que fica na parte oeste de cidade.

Uma das vias de acesso é pelo teleférico! Custa caro, mas vale a pena!
São cabininhas estreitas, de vidro, com bancos de couro dos dois lados, que sobem e descem sem parar por cabos de aço. São umas trinta mais ou menos.

(Nem preciso dizer que perdi a primeira esperando que ela parasse...)

Bom, eram cinco horas da tarde e o sol estava se pondo, ou seja, deixava a cidade toda iluminada com aquela luz rosa-alaranjada maravilhosa!

O sol do mediterrâneo é um pouco menor do que o sol do Brasil,
uma vez que o Brasil está mais a oeste do que a península hibérica!
Por isso as sombras que ele fazia eram um pouco mais alongadas e...
Ok! Talvez isso não seja inteiramente verdade, mas não faz mal!

O que importa é que, se Barcelona já me parecia bonita à luz do dia,
posso afirmar que ficou mais bonita ainda à luz do por-do-sol!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Jamón Crudo, muito prazer"

Conheci o Jamón no meu segundo dia...(aliás, lê-se Ramón!)
Já haviam me alertado sobre ele.
Pensei que não iria gostar!
Achava que seria do tipo forte e sem sal.
Confesso que me enganei!
Ele tem um pouco de gordurinhas nas laterias,
não é forte, mas mesmo assim é muito gostoso!
E há um quadro dele na parede do meu quarto...
Tão bonitinho!!
Ah, meus hospedeiros guardam uma perna dele no balcão da cozinha,
para que sempre possam comê-lo!
Ponho uma foto dele para que possam vê-lo.


El jamón crudo, ou, em português, o presunto cru!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Acento e Lexico

Passei por duas situações parecidas ontem e hoje e formulei uma teoria!

Ontem jantei com meus hospedeiros e um casal espanhol amigo deles, um rapaz arquiteto e uma moça jornalista, interessada em assuntos culturais e também arquitetônicos. Obviamente as conversas da noite giraram em torno de arquitetura e outros assuntos espanhóis. Posso dizer que entendi cerca de 65% do que foi dito.

Hoje almocei com meus hospedeiros e dois brasileiros, um arquiteto que está em Barcelona por uns meses e é gaúcho e uma arquiteta natural de Londrina, mas que vive há vinte anos na Espanha. Obviamente, mais uma vez, as conversas giraram em torno de arquitetura e dessa vez outros assuntos brasileiros. Posso dizer que entendi quase 95% do que foi dito.

Se em ambos os casos o assunto principal foi o mesmo, ou seja, arquitetura, acredito que dois fatores foram fundamentais para o aumento da porcentagem de entendimento: o primeiro é o acento espanhol de pessoas falantes da lingua, que é mais complicado de entender do que o de quem não é naturalmente falante . Obvio! Mas também há o segundo, que poderia ser o léxico, isto é, as palavras utilizadas e as formas de montar as frases com elas.

Dessa forma cheguei, por hora, à teoria de que por mais que um estrangeiro se esforce e seja falante perfeito de outra lingua, dificilmente consegue se desvincular da sua forma de pensar natural, ou seja, aquela com a qual foi ensinado quando estava aprendendo a falar e a raciocinar.

Que curioso né! Portanto se houvesse uma etiqueta no meu cérebro, nela estaria escrito: MADE IN BRAZIL!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Nas ruínas de Barcino

Antes desta postagem sobre as minha primeiras impressões da cidade de Barcelona, deveria existir uma outra, com relatos emocionantíssimos sobre a viagem de avião e a curiosa cosmopolitismo dos aeroportos, em particular o que estive três horas sem fazer nada: Lisboa. Porém, eis que esqueci o meu caderno de anotações super jornalístico no bolso da cadeira do avião TAP para Barcelona.


A foto é de um antigo aqueduto romano da cidade de Barcino e foi tirada pelo fotógrafo Pere López.






Começo então falando do dia de hoje! São tantas coisas diferentes... Poderia falar da comida, do inverno, dos turistas que se vê pela rua, dos horários diferentes da Espanha... Mas vou contar sobre a parte histórica-arquitetônica da cidade, pois hoje tive o privilegio de passear com dois entendedores desta área: meus caros hospedeiros Josep Maria Montaner e Zaida Muxi.

O bairro Gótico é o centro velho da cidade. Primeiro estavam nesta região os fenícios, claro. Mas as primeiras fundações são romanas. Então há todo um perímetro de muralhas antigas, conservado em muitos pontos, feito de pedras grandes corroídas por mar, o que denota que provavelmente a água chegava até ali. Hoje, a praia está um pouco mais longe, pois a área foi bastante aterrada para a construção do pôrto marítimo e para maior expansão da cidade.

Também é possível ver por cima das muralhas romanas resquícios da cidade medieval que aqui existiu, com um perímetro bem maior. Mas é engraçado como não se destrói completamente uma cidade, e, sim, se constrói outra por cima, pelos lados ou se utiliza o que já foi feito como moldura e se transforma conforme os costumes vigentes. Assim também ocorre com as casas localizadas no centro. Com mais de 200 anos, são hoje utilizadas como moradias ou lojas sem quase modificações na fachada ou nas disposições internas.

É quase como passear no centro histórico de algumas das cidades mais antigas do Brasil. Digo quase porque a diferença é que umas tem mais de dois mil anos de história e outras no máximo quinhentos. Agora entendo por que passamos tanto tempo aprendendo sobre a Europa nas aulas de história do colégio: há muito mais (pelo menos em termos quantitativos) para se conhecer!

Bom, a história continua, mas não esta aqui. Em alguns dias faço uma nova postagem. Ideias para escrever não me faltam, porém preciso de um pouco mais de vivência!